SÉRVULO ESMERALDO:
O CRATO NO MUNDO
Obras de Sérvulo Esmeraldo fotografadas por Gentil Barreira
Ela é a Femme Bateau cuja missão
é nos conduzir com segurança,
fantasia, coragem e esperança”.
Sérvulo Esmeraldo
Sérvulo Esmeraldo estava no auge do trabalho com os Excitables, obras que o destacam no campo da arte cinética internacional, quando na segunda metade dos anos 70 redescobre o Ceará e a sua luminosidade incandescente. “Foi um choque”, dizia. Vivendo na França desde 1957, ele não imaginava o quanto esse reencontro o impactaria, nem como isso mudaria os rumos do seu trabalho.
A âncora foi a realização do Monumento ao Interceptor Oceânico, (ou ao Saneamento Básico da Cidade) na Praia do Náutico, em Fortaleza, em 1978. Esta escultura com quase 34 metros de extensão, constituída de dois cilindros branco e preto assimétricos e espiralados, mudou radicalmente aquela faixa litorânea. Surpreso pela força e pelo peso desta obra, o artista Sérvulo Esmeraldo embarcou no voo que lhe traria de volta ao Brasil e cujo pouso seria Fortaleza. Esta exposição apresentada no Cineteatro São Luiz tem seu ponto de partida neste ponto da história, que é contada pelo Festival Sérvulo Esmeraldo 91, que homenageia Sérvulo Esmeraldo com o tema: O Crato no Mundo.
Idealizado pelo artista que em 2020 completaria 91 anos, marco desta segunda edição, o Festival Sérvulo Esmeraldo comemora a magnitude de sua Obra Pública, representada em fotografias, e por duas esculturas de natureza efêmera. Lançando luz, também, para a relação de seu trabalho com o tema: Arte Ciência e Novos Horizontes, apresentados online em seis Webinários.
A exposição Sérvulo Esmeraldo: O Crato no Mundo é uma síntese da obra tridimensional do mestre da geometria, realizada entre 1978 e 2008. Ícones da escultura contemporânea brasileira elas estão localizadas em espaços públicos ou integradas à arquitetura em Fortaleza, onde cumprem o papel cívico sublinhado pelo autor: “Arte de todos e para todos.” Este pensamento de engajamento social e de aproveitamento da luminosidade cearense em benefício da escultura foram determinantes para o seu retorno ao Brasil depois de 22 anos. Coragem e ousadia nunca lhe faltaram.
Duas esculturas de natureza efêmera, construídas como objetos do olhar, convidam ao jogo sedutor da imaginação. Nelas, o menino do Crato revela-se por inteiro na arte de inventar com poucos meios um discurso contundente, inesperado e que surpreende justamente pela beleza de ser simples.
A bordo de seu festival, o inventor Sérvulo Esmeraldo, sutil como sempre,
chega para nos alegrar e nos fazer pensar.
Dodora Guimarães Esmeraldo
Instituto Sérvulo Esmeraldo